Desafio Escrever um Conto Junho de 2010 www.portugalparanormal.com A 3ª Guerra Mundial (conto vencedor) por Margarida Não ou muito de me gabar mas este episódio ficou-me gravado na memória e com ele toda a minha vida. Sou um mero comentador nos meios de comunicação, jornalista e investigador que tem os seus defeitos, no entanto sei bem o que faço e o que digo, uns respeitam-me outros simplesmente desprezam-me. Quando era miúdo ainda em fase escolar, mais propriamente aluno do 2º ciclo a minha professora de história para testar as nossas capacidades, mandou fazer um trabalho de pesquisa para ser lido na aula seguinte sobre a 3ª Guerra Mundial. - 3ª Guerra mundial? – Entrou logo a turma inteira em contestação… - Mas isso ainda não aconteceu, mas Stora… Eu ria-me, já nessa altura tinha as minhas ideias bem formadas e sabia perfeitamente como aplicar o tema. Embrenhei-me no espírito da pesquisa e elaborei uma exposição de vários temas, alonguei-me na escrita de modo a que mais ninguém na aula seguinte pudesse falar. Eu sei! Já nessa altura tinha um feitio tramado, mas era com esse mesmo feitio que consegui o meu primeiro prémio de investigação escolar ultrapassando até os alunos dos últimos anos do ensino secundário. Fui notícia nos meios de comunicação e assim foi talhado o meu futuro profissional. Para compreenderem o meu trabalho nessa altura terei de vos dizer que sou da casta dos anos 90 e como tal tive oportunidade de observar o mundo, sentir as mudanças em meu redor e enfim, lutar através da minha escrita e das minhas constatações públicas, contra as injustiças ao ser humano por outros seres humanos. Afinal a guerra está em todo o lado, não necessita imperativamente de ser unicamente bélica. Então nesse mesmo dia, em vez de jogar os meus jogos de Play-station, agarrei-me ao computador e algo de estranho se passou comigo. Tive uma sensação de dormência em todo o corpo e a minha cabeça parecia inchar, tomar um tamanho desproporcional ao ponto de pensar que não tardaria não caberia no meu próprio quarto. Comecei a bater nas teclas desenfreadamente como se estivesse possuído, apenas escrevia, escrevia sem pensar, sem ler, sem pesquisar. Por fim caí exausto em cima do teclado e dormi! No dia seguinte antes de sair de casa imprimi o meu trabalho, encadernei o melhor que pude e lá fui eu de nariz no ar feito doutor, muito seguro de mim mesmo. Já na aula de história a confusão estava instalada, todos queriam falar, todos queriam reclamar, gritar, chamar nomes à pobre “stora” pois ao que me apercebi tinha sido eu a única alma iluminada a apresentar tal pesquisa. Como para factos não há argumentos fui chamado até à sua presença e virado para a turma inteira fazer o meu discurso. À medida que ia caminhando até junto dela sentia os olhares dos meus colegas como se fossem cães raivosos a morderem-me as pernas e me fossem devorar até à última gota de sangue. Já de frente para todos eles, sorri sarcasticamente e larguei a bomba. -Senhora Professora, caros colegas (ao o que me senti importante ao dizer isto desta maneira…) a 3ª Guerra Mundial já começou há anos e ainda não terminou! (agora era vê-los de queixos caídos, incrédulos e até furiosos). Esta é uma guerra bélica, psicológica e ecológica. Senão vejamos: Para começar em tempos mais próximos da nossa existência alguém me sabe dizer em que ano começou a Guerra do Golfo? Poderia ir mais atrás no tempo mas devido às nossas idades resolvi começar pelos anos 90. Logo aqui temos várias guerras a nível bélico, psicológico, químico, económico e estratégico. Bélico porque partiu de um ataque militar por parte do Iraque ao seu vizinho Kuwait e consequentemente o envolvimento dos EUA e outros países europeus. Porquê? Não foi de certeza pela defesa das gentes do vizinho Kuwait, mas sim pela ganância de petróleo e aqui está então a guerra económica. Em consequência todos os bens do Emirado Árabe foram bloqueados no exterior havendo um boicote comercial e militar ao Iraque, então mais uma vez temos uma guerra não só económica como psicológica. O Iraque por sua vez respondeu com armas químicas e biológicas, guerra que se alastrou até aos anos 2006 quando Saddam Hussein depois de derrotado, capturado foi condenado à morte e enforcado. Noutro campo e numa constante guerra ao longo dos tempos podemos abordar a questão do conflito Árabe-Israelita. Neste campo podemos começar pelos anos 80 quando Israel invade o Líbano e em 87 se dá o início à 1ª Intifada e atrás deste conflito surgem outros tal como aquele que vos falei anteriormente. O ataque do 11 de Setembro aos EUA e em represália em nome de contra terrorismo são os próprios EUA a bombardearem o Afeganistão juntamente com os Ingleses e outros aliados europeus. Começa então aqui uma guerra de nervos com ataques dos aliados, Árabes, e até Israelitas e palestinianos. Deixando de parte as armas, podemos falar em outras guerras como por exemplo a adesão de vários países à EU, outrora países inexistentes mas que se formaram após as guerras civis, como o caso da Jugoslávia, que ficou dividida em vários outros pequenos países. Então havendo uma liberdade de movimentação pela Europa sem fronteiras existiu uma invasão dessas gente a cada canto europeu onde a economia era mais favorável que nos seus países natais. Em consequência aumentaram os conflitos por uma explosão demográfica, por conflitos sociais, de inserção e até ao desemprego galopante desde a entrada dessas gentes. É criada a moeda única europeia que veio psicologicamente revolucionar a vida do cidadão e claro está, criar um ambiente de competitividade face ao Dólar Americano. A produtividade de cada país começou a ser controlada pela EU e os países mais fracos, mais pequenos começaram a terem dificuldades económico-sociais acabando por voltarem às suas moedas anteriores, tendo em alguns casos o perigo de virem a perder a sua autonomia e independência. No nosso caso estivemos nessa amargura. Desde as guerras económicas e bélicas surgiram outras até aos nossos dias e algumas delas até religiosas. Desde a mexida no vespeiro muçulmano, ortodoxo e judeu que a grande maioria dos seguidores cristão começam por se verem envolvidos por escândalos nos seus templos e hierarquias religiosas destruindo a fé de muitos virando-se estes mesmo para o materialismo, para as liberdades excessivas criando conflitos familiares, a proliferação das doenças sexualmente transmissíveis e um boom criminal a nível geral. Começas a surgir guerras psicológicas até nos jovens e crianças ao verem o conceito familiar num conflito atroz em que as mesmas são as vitimas, sem amparo mais parecendo bolas de ping-pong e muitas das vezes abusadas física e psicologicamente por aqueles que deviam ser os seus maiores protectores. Nos últimos tempos também surgiu uma guerra resultante de todas estas outras, ou seja o abandono e os maus-tratos aos idosos, que lutaram uma vida inteira para que não faltasse nada aos seus descendentes (nossos pais por exemplo) e por fim quando já estão cansados, doentes e menos activos são considerados como os desperdícios da sociedade, sendo até cobaias silenciosas para novas experiencias médicas, fechados em prisões doiradas a que chamam de “lares, casas de repouso, casas de saúde” onde até passam fome e são drogados para não darem trabalho aos empregados que por lá, fazem que trabalham. Não nos podemos esquecer das batalhas políticas, onde os próprios políticos se ofendem mutuamente numa atitude a que eles chamam de “politicamente correcto” e em nome da famosa democracia, fazendo gato-sapato dos cidadãos trabalhadores que andam sempre à nora com os seus ditos e desditos, mandos e desmandos. Agora pergunto: - Ainda acham que a 3ª Guerra Mundial ainda não começou? Cá para mim ela ainda não acabou! Lembro-me ainda hoje, como se fosse agora mesmo de ver o rosto e expressões dos meus colegas, muito sérios como se lhes tivessem caído um balde de água gelada em cima e um a um começaram a bater palmas, a “stora” estava emocionada com uma lágrima ao canto do olho, também ela muda e eu, eu enfim calmamente dirigi-me à minha mesa e sentei-me. Desde então nasceu dentro de mim um novo eu, de olhos bem abertos, atento às movimentações mundiais desde a investigação no seu todo, às conspirações internacionais, aos conflitos aqui e ali ou no geral pondo-me em campo para que toda a informação chegue a todo o cidadão. Hoje eu mesmo posso ver-me no meio de uma outra guerra desgastante, a guerra das audiências, mas isso agora não é para aqui chamado o que ainda deixo no ar é a seguinte questão tal como fiz nos meus tempos escolares: - Será que a 3ª Guerra Mundial já terminou? Se tudo isto não o é, o que será então? - FIM -