Desafio Escrever um Conto Janeiro de 2010 www.portugalparanormal.com Viagem No Tempo por oculto Estávamos no fim do Inverno e quando saí de Lisboa em direcção à ponte Vasco da Gama - cerca das 19 horas - o Sol estava a iluminar-nos com os seus derradeiros raios. Como habitualmente, levava o rádio ligado e ia a ouvir as notícias. É preciso muita paciência para diariamente fazer cerca de 70 quilómetros para chegar a casa, numa viagem atribulada, de bichas consecutivas, de trânsito complicado com alguns condutores que fazem da estrada uma pista de competição. Contudo, habituamo-nos e quase como um robot, ficamos absortos nos nossos pensamentos e... quando damos por isso, estamos a estacionar à porta de casa. Mas, a verdade é que naquele dia foi diferente. Para passar a ponte tinha sido um verdadeiro flagelo e, só depois de passar o Fórum, tinha entrado em relaxe, ou melhor dizendo, em piloto automático. Tinha o pensamento distante e a música que nessa altura o rádio emitia, servia de "almofada" aos pensamentos. Ia calmamente gozando a paz, depois de um dia de trabalho intenso, e numa velocidade moderada percorrendo os primeiros quilómetros após o Fórum do Montijo... De repente, surgindo do nada, um clarão verde que me fez voltar repentinamente e olhar pela janela. Era uma bola, como uma lua e de um verde intenso, que se deslocava, vinda do Sul, a uma velocidade vertiginosa rasgando o céu. Crescia... crescia... o tempo parece ter parado e vi o auto-estrada iluminar-se e ficar brilhante, prateado... Os painéis da sinalética apresentavam apenas a estrutura metálica, tal como a ponte sobre o auto-estrada. O meu carro, também ele, apresentava só a sua estrutura brilhante e prateada. Parecia uma visão fantasmagórica que nunca vou esquecer. A bola ia-se transformando numa espécie de foguetão, tal como vimos nas imagens do Cabo Canaveral. Simplesmente era verde, e o que deveria ser cor de fogo, aquela cauda incandescente, era verde. Este verde, tão intenso, era muito semelhante ao verde das luzes dos semáforos. E a bola que agora se tinha transformado num objecto oblongo passou lá no céu, bem alto, sobrevoando o rio na direcção do Monsanto. Parece que o mundo tinha, por momentos, entrado noutra dimensão. O auto-estrada voltou ao normal e, para meu espanto, apercebi-me que o motor do meu carro estava desligado, tal como o rádio. Liguei o carro com dificuldade e verifiquei que o relógio, os comandos, todos eles tinham de ser reiniciados. O próprio rádio estava descodificado... Nessa altura, penso que tomei consciência que algo de estranho tinha acontecido e, pela primeira vez, senti receio. Como no meio do auto-estrada não consegui pôr o rádio a trabalhar porque o código se encontrava em casa, tentei ligar para casa através do telemóvel para saber se havia alguma notícia sobre o sucedido. O telemóvel estava também desligado. Depois de estabelecer a ligação, soube que ninguém tinha ouvido nada. Fiz o resto da viagem, sempre olhando, pelo "rabinho do olho" os céus. Mas, nada... O céu estava agora estrelado e igualzinho ao que sempre tinha conhecido. Após chegar a casa ouvi as notícias em todos os canais, ora um, ora outro, e nada... No dia seguinte liguei para o Instituto de Meteorologia para saber se algo se constava sobre o assunto. Depois de me passarem para várias pessoas, tendo eu explicado o que me tinha acontecido, disseram que o meu assunto era com os avistamentos. Pediram-me para relatar o facto e ficaram de me telefonar mais tarde para me dizerem algo sobre o assunto. Passada uma semana, e quando não esperava que alguém me telefonasse, recebi a chamada que esclareceu a situação. Eu tinha tido um avistamento e este tinha sido registado em Espanha e também visto em Portugal - no Alentejo - de onde também tinham recebido informações. Perante as minhas questões porque o dito tinha um fogo verde, disseram-me que era natural porque a queima de fósforo é verde e se eu tivesse dito que era cor de fogo, estaria de certo a inventar. Sobre a incandescência e a semelhança de ter visto tudo como numa radiografia, disseram-me também que isso demonstrava que de facto o avistamento era real. Sobre a paragem do carro, do telemóvel, e de todos os aparelhos terem sofrido um reset, isso tudo significava o tal avistamento. O meu alheamento e o não conseguir determinar o tempo de duração fazia parte das sequelas da visão. Segundo os tais serviços de Avistamento, que eu desconhecia que existiam, eu tinha tido a sorte de ter um verdadeiro avistamento. Este é um conto real que marcou um pouco a minha vida e é o que de mais próximo conheço de ter embarcado numa viagem do tempo. Foi uma viagem intemporal que talvez tenha permitido ter uma experiência inédita na minha vida. Agora só me falta conseguir entrar numa brecha do tempo! - FIM -