Desafio Escrever um Conto Agosto de 2010 www.portugalparanormal.com A Conspiração por Margarida (conto vencedor) Sempre fui uma pessoa simples, correcta e justa mas há coisas na vida de cada um que nem um anjo consegue perdoar. Quantas vezes me chamaram de parvo, de ser inocente, idiota, um coração de manteiga e tantas outras coisas mais. No entanto poderão dizer que era louco, bem que tentaram fazer-me passar por tal mas o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Casei há cinco anos atrás contra a vontade de toda a família cujo status quo sempre fora um dos mais elevados do país e quando teimei em casar com uma simples empregada de mesa de um restaurante de beira de estrada, caiu o Carmo e a Trindade! Apesar do contrato pré-nupcial que ambos assinámos, hoje sinto-me traído de ambos os lados com todos os sentimentos destruídos graças à conspiração que tanto a minha família como a víbora da minha ex-mulher lançaram sobre mim. Sendo eu o único herdeiro de todas as herdades dos meus avós devido a quezílias com todos os outros descendentes, estes resolveram deserdar todos os seus descendentes directos inclusive meu pai e para grande escândalo, em testamento deixaram todos os bens, contas milionárias ao neto bastardo que sempre tomou conta deles até não estarem mais entre nós. Vivi com eles ficando privado do carinho de meu pai devido à intolerância da sua esposa e ao ciúme doentio dos meus meios-irmãos, como se eu tivesse culpa das facadinhas que o meu pai ia cometendo no seu casamento. Estavam todos à espera que depois fosse eu contrariar as vontades dos velhotes e passar-lhes para as mãos parte maioritária de toda a minha herança, mas saiu-lhes o tiro pela culatra. Fizeram de tudo! Desde quererem casar-me com as minhas meias-primas, a apresentarem-me profissionais de marketing no âmbito de alargar a minha fortuna, quando estes não passavam de meros intermediários para me obrigarem a assinar documentos e assim sacarem a minha assinatura para poderem forjar e tentarem de uma forma vil apoderarem-se de tudo o que era meu por direito. Nunca contaram que eu fosse mais esperto que eles ao assinar com nomes diferentes impedindo-os de levarem as suas vigarices à avante. Foram desmascarados na hora! Não se fizeram esperar as represálias, ao tentarem atropelar-me por duas vezes o que me levou a fazer queixa na polícia e a deixar de sobreaviso não fossem tentar outros meios. Tive de reforçar a segurança em casa e nas outras propriedades, o que me valeu quando tentaram incendiar a minha casa comigo lá dentro. Mas graças aos sistemas d vigilância e alarme não só não corri perigo como os culpados foram todos apanhados e acreditem, não paguei uma única caução, o que criou ainda mais ódio na minha pessoa. Apesar de tudo consegui casar-me muito convencido que finalmente iria ter paz e alguém do meu lado para me defender. Ao fim de dois anos de tentativas para fazer nascer um filho, começámos com os tratamentos para a infertilidade dela e chegámos a fazer inseminação artificial mas nada resultava, então veio de novo a família ao ataque sugerindo que fosse tutor dos mais pequeninos e como era da família directa (agora já lhes dava jeito que eu fosse parente deles). Recusei! Preferia adoptar uma criança abandonada, totalmente estranha para mim e cria-la com todo o amor de quem lhe estende a mão, e eu sou um deles… Para meu desagrado a minha ex-mulher começou a cativar o resto da família ou vice-versa e enquanto frequentavam a minha casa quase diariamente almoçando e jantando às minhas custas, como se não bastasse iam conspirando todos sem excepção contra mim. De facto a ideia até foi da víbora da minha ex-mulher que de acordo com eles se conseguisse levar a deles até ao final, estaria garantido para si uma bela fatia de todos os meus bens. Infelizmente a pouca inteligência, criatividade e originalidade não os levou a lado nenhum e consegui eu mesmo levá-los a cometerem crimes uns atrás dos outros. Quiseram fazer passar-me por louco. Quiseram assustar-me com imagens fabricadas de fantasmas e outras paranormalidades até que os consegui desmascarar a todos. Surgiu-me então a ideia de fazer um testamento e deixar tudo o que era meu a uma única instituição que cuidaria de crianças abandonadas e que iria ter o meu nome. Imaginem o meu gozo cada vez que me levanto do túmulo e os vejo passarem à porta da instituição e eles ficarem a olhar sem poderem tão pouco lá entrarem, sem conseguirem arrancarem de lá um único tostão. Nos tempos seguintes fui reunindo-me com cada elemento da minha família em particular com um advogado fictício fazendo-os assinarem uns documentos para lhes dar garantias que estariam no testamento depois da minha morte. Com esses documentos também assinavam um contrato de confidencialidade para que não pudessem comentar ou transmitir todo o conteúdo do meu testamento. Obvio que quando assinavam já saíam do escritório a geminar enredos e conspirações para eliminarem o herdeiro que teria a maior fatia do bolo. O que eles não sabiam é que cada documento que cada um assinava era diferente de quem assinou anteriormente e os herdeiros principais também iam mudando de nome. Quanto à minha ex-mulher, fez parte de um seguro de vida fictício no valor de vários milhões o que a deixou nos píncaros da lua. No fundo virei as suas conspirações mesquinhas para uma outra minha implacável. Sabia que estava a ser envenenado por ela, lentamente, por isso dei ordem para me fazerem uma autópsia antes que me mandassem cremar. Apesar da minha saúde que ia ficando cada vez mais debilitada, sentia-me feliz! Não podia viver na toca das víboras que agora andavam ocupadas a tentarem matar-se umas às outras e no final quando fosse lido o meu testamento já não me poderiam causar mais sofrimento, mas sim acabarem também com as suas vidinhas miseráveis. Todos eles começaram a endividar-se adquirindo grandes carros, moradias, barcos, ouro, eu sei lá, contando com o dinheiro que julgavam que iriam receber depois do meu último suspiro A minha ex-mulher, não contou com o divórcio e devido ao acordo pré-nupcial não ficara com um único tostão, nem mesmo com direito a uma pensão mensal. Restava-lhe o dito seguro de vida. Enfim, certo dia não acordei mais! Enquanto andavam à bulha para me fazerem cremar o mais depressa possível e agarrarem tudo o que era meu, as autoridades intervieram, a casa fora fechara e interditada a entrada a todos os familiares, assim como o meu corpo fora levado para a morgue. A minha ex-mulher fora detida e quando apelou para o seguro viu ainda a sua pena agravada e nem a miragem de um único tostão teve. No dia da leitura do meu testamento todos os supostos herdeiros que levavam a alegria estampada nas suas cabeças mesquinhas começaram a sentir calafrios ao verem que tanto o advogado, como o notário não eram as mesmas pessoas que conheceram anteriormente. Não preciso dizer o que se seguiu, nada puderam fazer, não receberam nem um único par de meias usado, nem umas cuecas, nada! Se antes eram uns pelintras mais pelintras ficaram vendo os seus bens serem confiscados e penhorados por falta de pagamento. Enfim… É caso para dizer: Conspiração com conspiração se paga! - FIM -